Biólogos debatem vacinas na Câmara de Hortolândia
Especialistas passaram informações importantes e responderam questionamentos de vereadores e população
Vacina salva vidas! Foi essa mensagem deixada pelo biólogo molecular Maurílio Bonoro Júnior em palestra realizada na noite da última terça-feira (20 de abril), na Câmara de Hortolândia. Ele ainda ressaltou, junto com a professora e também bióloga molecular, Ana Arnt, ambos da Unicamp, durante o 1º Câmara em Debate, que é um direito de todos ter acesso às vacinas e que uso de máscara e lockdown são eficientes para ajudar na diminuição do número de casos e mortes no país.
De forma lúdica e simples, informações muito importantes foram passadas durante a palestra do biólogo Maurílio, com o objetivo de sanar dúvidas e medos em relação à Covid-19, vacinas e tratamentos. “Muitas perguntas surgem sobre o que são vacinas, de onde vem, se são confiáveis, se causam efeitos colaterais e se devemos ou não se vacinar. Mas eu quero ressaltar, entre todos os dados científicos, que vacina salva vidas, não nos transforma em nenhum animal e se você for elegível para se vacinar, se vacine”, comentou o biólogo.
A professora Ana Arnt ressaltou no início da palestra que a imunização em rebanho e o lockdown são eficazes no combate à pandemia. “O caso da cidade de Serrana, onde toda a população adulta foi vacinada, as internações em UTI despencaram. É um dado sólido e robusto, demonstrando a eficácia da vacina aplicada em massa. Outra medida muito eficaz foi o lockdown na cidade de Araraquara. São medidas comprovadas e que ajudam no combate ao Coronavírus”.
Durante a exposição de dados, Maurílio, explicou aos vereadores presentes e também ao público que acompanhou via internet, quais os métodos utilizados para a criação de cada vacina e ressaltou que o que todas as vacinas buscam é criar uma memória imunológica no corpo humano, para que caso a pessoa tenha contato com o vírus, o corpo tenha uma resposta mais rápida para combater a doença, que ele já conhece. “Vale lembrar que as vacinas não evitam que se pegue a doença, elas evitam que o organismo desenvolva uma crise grave, evitando assim muitas internações e óbitos, se comparado a pessoas que não se vacinaram. Por isso o uso de máscara, higiene das mãos e distanciamento social também são importantes para a contenção do vírus”.
Várias dúvidas foram surgindo durante o evento, onde os munícipes puderam mandar perguntas aos palestrantes através do Chat da transmissão pelo Canal do Youtube da Câmara. Foram levantadas questões como vacinação de crianças, gestantes, demora na aprovação de vacinas, além do tratamento precoce, conhecido como Kit Covid. O palestrante informou que segundo estudos feitos em vários países o tratamento precoce, que usa hidroxicloroquina, dexametazona, azitromicina entre outros não é eficaz para evitar uma forma mais grave da doença. “Os dados mostram que não há diferença do uso destes medicamentos em casos graves se comparado com o tratamento normal oferecido, apenas da dexametasona, em casos muito graves fez alguma diferença. Mas em casos leves ou assintomáticos o uso destes remédios não traz benefícios nenhum, inclusive pode causar efeitos colaterais graves e até prejudicar o tratamento de pacientes que evoluam para casos graves. Se alguém recomendar o uso pra você, não tome!”, pediu o biólogo.
Sobre a vacinação em crianças e em gestantes foi passado que provavelmente eles serão os últimos a tomar. As crianças porque dados mostram quem apensar de serem infectadas, casos graves são muito difíceis, e em gestantes por não se ter estudos dos efeitos em seus corpos, que estão com a carga imune mais baixa devido à gestação.
Sobre a demora na aprovação de algumas vacinas, como a Sputnik V, pela Anvisa, o biólogo ressaltou que o órgão tem critérios bem rígidos para aprovação, e que isso é bom por um lado, mas atrasa a chegada das vacinas.
Variantes e as vacinas
Outra parte importante passada pelos biólogos foi sobre as variantes do vírus que começaram a aparecer em várias partes do mundo. Maurílio explicou que como os seres humanos, os vírus também evoluem, às vezes de maneiras que eles ficam mais fortes e às vezes de maneiras que causam sua extinção mais rápida.
O Coronavírus tem tido evoluções benéficas para ele, com transmissão mais rápida e maior letalidade. “Por isso é tão importante ter políticas públicas eficazes, como vacinação em massa rápida, distanciamento social eficaz, com lockdown, uso de máscaras e higienização. Essas medidas garantem a proteção da população contra o vírus principal e evita que, caso haja uma modificação, ela seja contida rapidamente. O que, infelizmente não tem acontecido no Brasil”, lamentou.
O presidente da Câmara, Paulo Pereira Filho, Paulão (PL), que comandou o evento, ressaltou a importância de passar informações precisas para a população, e que este foi o primeiro evento de uma série de debates que serão promovidos no Poder Legislativo. “Tivemos boas questões levantadas pelo público, e o resultado final de todas as informações que recebemos é que imunizar é preciso, para que vivamos e sigamos em frente, a vacina precisa acontecer”
O vereador Clodoaldo (MDB), que indicou o primeiro tema e convidou os palestrantes, fez várias perguntas importantes. “Muitos têm dúvida se prioriza a vacina da gripe ou a da Covid, e o Maurílio explicou que se for elegível pra tomar a da Covid, tome essa primeiro, porque há mais casos graves e óbitos de Coronavírus do que de gripe”.
Além de Paulão e Clodoaldo, também participaram do evento os vereadores Régis da Serralheira (PTB), presencialmente, e Ananias José Barbosa (PDT), Aparecido Antônio Meira, o Meirinha (SDD), e Derli de Jesus Athanásio Bueno (MDB), virtualmente.
Conheça as vacinas
A CoronaVac é feita através de um vírus inativado, onde o SarsCov-2, que é o que causa a Covid-19, é multiplicado e inativado, perdendo a habilidade de se multiplicar dentro do organismo humano. “Esse método é o que tem a eficácia mais baixa, cerca de 50 a 60%, dentro dos padrões normais para vacinas, mas a CoronaVac tem a vantagem de poder ser armazenada em geladeiras comuns, com temperaturas de 2 a 8 graus, o que facilita a logística e o acesso de pessoas que moram em regiões afastadas dos grande centros”, elencou Maurílio.
A AstraZeneca/Oxford, a Jansen e a Sputnik V, são feitas através de vetor viral, onde é usado um vírus que afetam animais, mas não humanos, e colocam dentro desse vírus o material genético do SarsCov-2. “O vírus é como um ‘cavalo de troia’ que leva pra dentro do nosso organismo um vírus que não nos afeta, mas com partes do SarsCov-2, que também provoca uma resposta do organismo, que estará preparado quando a pessoa tiver contato com o vírus causador da Covid”, disse o biólogo.
A Pfizer e a Moderna utilizam um processo novo, que foi liberado pelos órgãos reguladores faz pouco tempo, que é o método conhecido como RNA. “Nesse método o SarsCov-2 é inserido dentro de uma bolha de gordura. Essa técnica é a que tem maior eficácia, a Pfizer chegou a 95 e a Moderna a 94%, mas precisam ser armazenadas em temperaturas muito baixas, de 20 a 80 graus negativos, o que dificulta a logística”.
Maurílio ainda comentou sobre outras vacinas, a ButanVac e a Versamune, ambas produzidas no Brasil, e inicialmente anunciadas como 100% brasileiras. Mas elas são feitas com a colaboração de outros países, o que muito normal no meio científico, segundo o biólogo. “Todas essas vacinas estão sendo desenvolvidas dentro de universidades públicas, mas elas não serão as primeiras vacinas latino-americanas aprovadas. A primeira será a Soberana2, de Cuba, que está em fase final de testes, e deve receber a aprovação entre junho e julho”.
Assista ao debate completo no nosso Canal do Youtube e saiba mais sobre as vacinas.
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